10 de jan. de 2010

Para um homem errado!

Eu sou o eterno mau caráter
Irresponsável desde tempos idos
Cretino, choroso e cínico
Capaz de negar os mais simples pedidos

Os altos cumes, antenas dançando
Nos muros pássaros sentados
Solitariamente se vão cantando
Nas nuvens tempos que olham parados

A paisagem acaba ficando menor
O cheiro do fogo, fumaça ardor
É impossível se sentir ainda pior
Tudo queima e morre; espesso calor

De noites mal dormidas
De dores sentidas
De cores esquecidas
De esperanças perdidas...

Quantas esperanças restam
Quanto mais me desfaço
As vontades e desejos cessam
Sei que por aí vai meu pedaço

Reclamando presença
Tentando achar uma volta
Escondido numa ciência
Cretinice a toda prova

Porque não dizer não?
Imaginar como você se sente
Eu tenho meia razão
Fiz-me de sábio... Pequei inocente

Sei que “ferrei”
Alguém já me disse
Não assumo que errei
Aqui dentro ainda insiste


As tentações e vontades
Calmarias desatentas
De sombra e vaidades
Pecados e sentenças

Faço – me de sorte
Exalo meu dia
Talvez medo da morte
Talvez pele vazia

Incompletas noites findadas
Manhã nascendo das chuvas
No calor das noites molhadas
Espalhadas nas paredes turvas

São só noites mal dormidas
Só dores sentidas
Só cores esquecidas
Só esperanças perdidas...

Não é o eterno mau caráter
Capaz de abandonar antigos vícios
Apenas torna certos hábitos mais propícios
E não consegue negar nem o mais difícil pedido

Assim o homem vive
Intolerante a sentimentos
Nega qualquer sensação que já existe
E se perdem, desatentos...


Todo homem tem o direito de cometer erros. Para se arrepender depois e, ter um bom motivo para beber.

1 Acenderam os faróis :

Gizele Souza disse...

Tu tem a perfeição simétrica do estilo parnasiano,misturada ao estilo efêmero dos Romansistas e um enoorme jeito boêmio e safado( no bom sentido ) do Nelson Rodrigues. Preciso dizer mais ?! Ao lançar o livro,mande-me um exemplar!