28 de jan. de 2013

Malte, cevada e lúpulo.


pessoas comuns e normais

“senhor, há algo de anormal e incomum nos controles!
- está tudo normal. procedimento comum”

infeliz de quem perdeu a capacidade de sonhar
isso soa bem num livro.
falsidades verdadeiramente inventadas
no “campo” da segunda guerra
para adolescentes degustarem!
eu tenho pequenos sonhos
e uma janela
velha
feia
de madeira
mas sonho com uma persiana
e como nos filmes
olhar entre – dedos
por ela entre – aberta
enquanto as notícias dão fogo
e tentam reinventar a bossa-nova
por garotos bárbaros
pra ninguém botar defeito

“pode ser um astronauta
 ou ainda um passarinho”

e tem chovido
não que isso seja ruim
só não posso ser jesus numa moto
mas volta e meia
vez em quando
brinco disso
meu cachorro dorme
sob o aroma de gasolina
comendo hera (seria erva?)
venenosa
e vomitando
leite coalhado
vagando
zonzo
quintal a fora

o lugar mais frio do rio 
é a praia de copacabana

ninguém acredita
mesmo olhando
nos olhos
e procurando uma jura
mandando construir um altar
ninguém sabe ao certo
o que e por quê se existe

viva você!
(quem quer que você seja)
viva.
está viva.
e por que não vives?
alguns sentem a vida
nos lençóis
envolto no cheiro
de bocetas
mal fodidas
com celular nos travesseiros
de madrugada
chamando
o 190
ou o
“habemus papam”
ou o
alarme antibomba
se a bomba
vem vindo
alarmes são dispensáveis
mas eu
não sou
um general

uso
fio dental
906 vezes/dia

alguns reclamam
de vizinhos
pendurados
em janelas
pela madrugada

outra vez
janela,
madrugada,
bocetas,
e milhares
de demônios
colocados porta a fora
na imensidão
da corrupção
da mentira dizimista

eu também sou profeta
hoje
previ
o futuro
de nossas
mortas
almas
desalmadas
em galhos de arvores
virgens
(virgens?)
que mantém suspensas
as gotas da chuva de meia hora atrás que me aterrorizava os trovões e os flashes pálidos dos relâmpagos,
“escuta – se um clique”
(sempre adorei pensar como closed caption)
enquanto revelavam-me
as coisas,
via o fim
de nossas
fracassadas
tentativas de liberdade
do eu preto/eu gay/eu mulher/eu “mim”
e dos homens
que oprimem
a nossa liberdade presa de cada dia
e dos malditos
donos
de nossas vidas
que um dia
nos matarão
de desgosto
ou raiva
não por mim!

hoje sinto falta,
lajedão minha!
ficaste tão grande
perversa

logo teremos neve
com chumbo e estanho,
iremos cair,
como caia
um rebelde,
frente a cesar
e duas lágrimas
cairão
no canto
de nossos olhos
se minha mãe ainda tiver vida e me vendo caído, vai desejar que essa fosse a sua sorte.

ainda existe luz
nas perspectivas “menos pior de ruim” e falsas que enfim irão nos servir

eu não sei cantar
e não posso gritar
ainda

meu quarto tem janela
o seu não tem.
e eu não tenho mais meus avós!
e
algumas distâncias
ficaram
mais curtas.
curta!
foi o último conselho de minha mãe. espero os próximos.
ansioso!

tem muita
escuridão
embaixo
daquele poste
naquela
nossa
esquina.

0 Acenderam os faróis :