[...]
Boa noite
de sábado
qualquer
dia
noite
qualquer.
Qualquer queda
do colo do avião
que cai no mar.
De cima da ponte estreita
o sentinela sisudo
já não presta mais atenção
na esquálida sombra das mortes
em Quang Tri.
Auschwitz sem morfina.
Uma sirene em Gaza.
Uma visita a Bagdá há 40 anos atrás.
Teerã renasceu
Cega dos aiatolás. [...]
[...] Diáfanos cristais
lendo horóscopos
enquanto o mantra
geme
úmido;
quente;
fresco,
explodindo goela abaixo
com toda a
boa noite
e os demônios na TV
de madrugada.
Eu não consigo escrever
canções
de amor
para
rádios amedrontadas
nas cidades
embaixo d’água.
Chovia enquanto eu suava
e lindas cortinas
dançavam
ao som de melodias
surdas
do
rádio;
bobo;
sujo;
incrédulo,
canalhas boquiabertos
praguejando contra mim
suas inadequações lógicas
pela secretária que disse “olá”,
pela viatura a mil por hora
fugindo dos bandidos
descendo a principal
a mil por hora
quase
matando – me
quase
matando – na.
Ainda pingam limão
em
fatias de “mortandela” abafada
sob
o balcão sujo
num
prato branco de esmalte.
E quem gostaria de ser beijado
quase
4 da manhã
de
domingo
no bar de Terezona?
0 Acenderam os faróis :
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