14 de set. de 2013

Prólogo do abandono - (Trecho)

Outubro de 2007 - Norte do centro sul oeste
               

                [...]e desde quando me importei
com os dias que passavam severos
pela porta da frente
de minha estupidez sensata
dos dias quentes de dezembro
antes até do verão
[...]


Confundo paulista e paulistano

carioca e fluminense

gaúcho e potiguar

Mato Grosso

Mato Grosso do Sul

e o tamanho do Pantanal

Bahia e Bahia

Bahia.

Minha mãe nasceu na Bahia

minha mãe vive na bahia

minha mãe se lembra de histórias

de quando ela morava “lá na Bahia”.



Ninguém olha pra mim

com amor

nos olhos



E eu

me lembro de santa cruz do rio grande do sul]

suas ruas

o cheiro de cigarro sendo fabricado

as colegas da faculdade de letras

que comi com o pau

e

com a boca

dos rapazes

que sempre quiseram

me matar

tudo em nome de um deus ariano

anti-bahia

anti-nordeste

inveja gaúcha

disso eu também me lembro,

“baiano fode bem”



Quando quase Paso de Los Libres

Argentina

Uruguaiana ao lado, o medo de não mais Lajedão

com meu pai

pesadelos são reais também



Vendi minha Olivetti College.

Nunca mais irei morar numa folha pautada, me derramando de uma esferográfica vagabunda.

também não

não escrito.

escrita não mais.



Um pesadelo desde sempre.





Morri 1/3 no coração do Brasil

num hotel água gelada,

enquanto a rodoviária se montava e se despedaçava

tal qual árvore de natal após dia de reis,

como a dançarina do private pink [ao fim do expediente]

que beijava na boca

por singelos 10 reais

para os créditos em seu celular roxo



ela me disse que era de Eunápolis



ficou sem meus créditos.

Sem beijar na boca.



o louco conversando com as ondas,

cariocas,

fluminenses,

ou ambos!



Era tempo de pesadelos [de novo]

encontrados

eu me lembrava da comida de minha mãe

dos amigos do conhaque no abrigo

do dominó de domingo no bar de Tonhe

de ficar enfastiado de cerveja, de farofa, macarrão, [nunca gostei de macarrão], de galinha

na imensa enorme lua cheia das noites de lua cheia

que do quintal de casa

via meu pai prestar culto

admirar

aquela bola redonda e amarelada e brilhante

adornando o céu negro

vestido de pérolas

como que estrelas

enquanto aqui,

janelas que tremiam

espantadas

a cada 45 minutos

assombradas

pelos pássaros prateados de asas mecânicas

que navegavam sob meu céu

o cigarro e o café

as histórias antes do jornal nacional

o cachorro querendo atenção

toda a família

ah! Como Lajedão brilhava naqueles dias!

como era silenciosa

não como aqui

e

agora.

É proibido fumar, mas, eu sou teimoso!

E subornei a moça do atendimento

com piroca, uísque e pizza de calabresa [Como ela adorava massa. Como ela adorava uísque 12 anos.]

além da língua mais quente e macia que tenho, tocando o seu sexo

[seu noivado fracassou]

Mais tarde, de frente a janela,

observava o cruzamento

e algumas tantas vidas

passando entre si

só a minha não passa [...]

3 Acenderam os faróis :

Anônimo disse...

Taradinho esse Douglas puia-puia, rs ;)
Ficou muito boom, cara.

(Furão) disse...

Dahora, nunca mais escreveu, o que houve?

Unknown disse...

Adorei!