5 de nov. de 2010

Mariê

Eu vi um rastro alaranjado entre as nuvens
Abobalhei – me e não soube o que dizer
Só tesouras voavam naquele céu

Nos estouros que a cada hora me tiravam o sossego
Fingia que o dia me compreendia
E amargurado, xingava os reis
A busca cinza por instantes de compreensão

Ante tua face amolecada
Reverenciei o que não posso tocar

Fiz apostas perdidas
Briguei com o sonho dessa noite

As nuvens!
Sim! As nuvens!

Ando com medo de sentir dor
Com medo do que o medo queira me tornar

Um medroso!

O descaso!

O medo!

Meus braços não alcançam
Mas se pudesse eu diria
Que em cada manhã, acordo – te.

Te tomo nos braços
Abraçado em solidão
Embaraçado no despertador
Que canta as mazelas das noites curtas

Salve Mariê
E seus infinitos prognósticos
Seu coração passivo
E os “nãos” que me presentearás!

Salve Mariê
Que amola uma faca
E me corta em pedaços
Assim dentro de você!

2 Acenderam os faróis :

O Neto do Herculano disse...

Douglas, apenas posso agradecer.
Ficou muito legal o trabalho e o público recebeu com carinho e atençao.

Luciano Fraga disse...

Caro Mister,entre "nãos" e coração passivo,vamos sem fé cega e com facas amoladas pra dentro de quem nos quer...Abraço.